segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Viola de bambu: um raro instrumento musical presente na Ilha Grande

Publicado no jornal O Eco (Angra dos Reis, Ilha Grande), dezembro de 2015

Na edição de agosto de 2015 de O ECO, publiquei um artigo intitulado “Viola e rabeca de taquara no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro”, onde mencionava com dúvidas a possibilidade da existência de violas de bambu (bambu é sinônimo de taquara) na Ilha Grande. A viola de bambu é um instrumento raro e muito pouco noticiado na literatura. Aparentemente sua origem é indígena; Helza Camêu faz um dos poucos relatos sobre este instrumento no seu livro “Introdução ao estudo da música indígena brasileira”, publicado em 1977.

Em 14 de outubro do ano corrente, tive a oportunidade de conversar com dois antigos moradores nativos da Ilha Grande: Benedito Crespim do Rosário, conhecido pelo apelido de Côco, e Arlete Maria Oliveira de Castro (o trecho da entrevista referente a esta matéria está disponível on-line: https://www.youtube.com/watch?v=bbhQEIfJSPE). Eles me falaram pormenorizadamente da existência de viola de bambu na Ilha Grande. Contaram como se fosse um instrumento dos tempos passados, que caiu em desuso há anos. De fato, busquei informações sobre estas violas com vários moradores mais novos e não obtive nenhuma resposta. A peculiaridade de sua construção, sua raridade, sua origem indígena fazem deste instrumento objeto de grande interesse, mais um dos tesouros culturais da Ilha Grande




O Côco falou que para fazer estas violas “tirava aquela pelizinha do bambu [...] e colocava um pauzinho por baixo [...]. Tinha umas cinco ou seis cordas [...] aí dava um som bom, que ela esticava bem. [...] Isto começou como brincadeira de criança, depois... Por exemplo, tinha um baile e não tinha viola, os caras inventavam de fazer isto aí. [...] Ninguém tem viola... ah, a gente faz. Aí cortava um gomo de bambu, deste bambu verde, um bambu grosso assim [fez com a mão o diâmetro de aparentemente um pouco mais de 10 cm], aí metia a faca assim, puxava aquela lapada, soltava do lado e do outro e prendia.” “E tinha gente que tocava música mesmo naquilo... naquelas violas de bambu”.

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